terça-feira, 2 de novembro de 2010

A (re) Democratização da Democracia

Mauro Alexandrino Marciel da Costa*

Ao se falar em democracia nos remonta algo referente ao aspecto da organização social e da participação da sociedade nas decisões tomadas e nos direcionamentos que são dados a determinados elementos da organização social a qual o indivíduo faz parte. É de nosso conhecimento que na história de nosso país nem sempre essa palavra era conhecida; muito menos utilizada e aplicada em toda a sua plenitude, pois vivia-se em um processo onde os entes sociais estavam subjugados ao poder e a intolerância de um grupo que de forma autoritária e repressiva inibia a participação da população nos acontecimentos da vida político e social do país.

Esse longo período de nosso tempo histórico, conhecido pela denominação de Ditadura Militar trouxe grandes acontecimentos e marcas para nosso legado histórico. Nesse aspecto podemos citar a criação de atos e instruções normativas para a governança e a minimização dos movimentos opositores a tal pensamento. Nessa época os meios de comunicação não tinham a prerrogativa de questionar o governo, as pessoas eram consideradas subversivas por coisas banais como: ouvir músicas, escrever textos. O poder que faz da Democracia o governo do povo e para o povo não existia na prática, e, isso, contribuía para um momento de estagnação social, política, econômica e cultural da nação brasileira, sem falar no atraso de conhecimento que era instigado pela falta de discussão e aprofundamento do que se estudava, sendo essas situações motivo para pessoas serem torturadas, massacradas, presas, asiladas e até morrerem.

Após esse longo período de disputas entre a sociedade e o governo dos militares, com a força dos movimentos sociais organizados e de pessoas que estavam dispostas a instituir o regime democrático no país, passamos a de fato viver em democracia, mesmo que essa em seu início passasse por momentos de dificuldade. Assim garantimos de fato a participação efetiva e ampla do povo no poder. Estávamos livres para decidir os rumos de nossa história, sem medo, sem receio de ter de esconder nossas ideologias, anseios e visões de futuro. Isso foi o inicio do que chamo de (re) democratização da sociedade brasileira.

Ao longo dos anos de nossa história passamos por diversas situações e por problemas que deixaram o Brasil um pouco frágil. Essa evolução nos garantiu a capacidade de driblar as adversidades e visualizar novos horizontes a partir da efetivação do povo na participação no poder com a possibilidade de escolher os seus governantes pelo voto direto e livre. Muitos anos se passaram e fomos nós os protagonistas de nossa própria história e de nossos próprios sonhos. Essas experiências nos gabaritaram em parte para escolher melhor nossos representantes.

O dia 31 de outubro de 2010 não é mais um dia qualquer, deixou de ser igual aos outros, pois marca o momento histórico que simboliza na prática a concretização dos anseios, sonhos e vontades tão almejadas pelos movimentos dos rebelados na época do governo militar. Esse dia é marcado pelo acontecimento mais simbólico desde as diretas já e o impeachment que é o momento e que cento e noventa milhões de brasileiros foram às urnas e escolheram pelo voto livre e soberano a primeira mulher (presidente) da república. Para alguns esse fato pode não significar muito, mais para a nossa história ele representa de fato a (re) democratização da democracia, pois isso reflete de forma positiva e estratégica na história e na geopolítica brasileira e mundial.

Enfim, após anos e anos de repressão e males deixados pelos militares em nosso país podemos hoje vislumbrar na prática a verdadeira importância que nosso voto possui. Afinal o poder emana do povo e para o povo retorna, e não há nada mais justo que esse poder seja referendado por todos nós cidadãos e cidadãs brasileiros. Esse é um dia que marca a construção de um país mais justo, mais unido e mais democrático. Isso reforça a democracia e a participação da população nos rumos de seu país. Como diz o saudoso Rubem Alves: “" A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente”. Sustentados nessa premissa que a citação nos aponta e na capacidade de estamos preparados para exercer a democracia em sua plenitude é que nos sustentamos e fortalecemos para a busca por um país mais justo, desenvolvido e humano para todos, independentes de cor, raça, credo, posição social e acima de tudo de bandeiras políticas ou partidárias.

* Mauro Alexandrino Marciel da Costa é Licenciado em Geografia e Especialista em Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, professor efetivo da Prefeitura Municipal de Mossoró, do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ.

2 comentários:

  1. A vitória da candidata Dilma Rousseff, referendada por 55 milhões de brasileiros, dos quais 135 milhões que estavam aptos a votarem, é uma demostração que o processo democrático estar avançando.
    Questionar a realidade de maneira crítica é compreender a cidadania ocmo participação política e social, é desenvolver e valorizar a pluralidade do patrimônio sócio-cultural brasileiro. Não podemos deixar que as elites dominantes derrubem a cerca da Democracia, que não nos deixemos expostos a vulnerabilidade, que não sejamos passivéis com a desagregação interna na esfera política, econômica, social e cultural da sociedade. É através das "lutas" (sociais e políticas) que advém a ruptura. E, a periferia grita contra a opressão, contra este regime servil imposto pelo capitalismo internacional com seus aspectos montruosos.
    Se faz necessário que tenhamos um processo reflexivo e crítico acerca da realidade exterior. Para que possamos intervir nas "aberrações" ventiladas todos os dias, quer seja pelo desvio, extravio de espírito, de ideias, de juízo postos pela mídia comercial e conservadora ou pelos paritidos políticos.
    Porém, não podemos esquecer que para as elites é interessante que a maioria da população permaneça neste estado de torpor, apático, isto é, por falta de ação. Que não busquem a utilização do pensamento crítico na perspectiva da sua participação político-social, no exercício da cidadania. Por isso, "(...) quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

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  2. Isso mesmo caro Júnior, o que nosso povo não pode esquecer e que no processo democrático o poder emana do povo e para ele volta. Chega de elitismo. A eleição de uma mulher para presidência representa um avanço na forma de pensamento e uma salto de qualidade no processo democrático. Agora de fato estamos vivenciando um amplo e profundo processo de democracia.

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