domingo, 12 de setembro de 2010

A religiosidade afro-brasileria

A história do povo negro no Brasil nos remete a um entendimento da cultura africana, moldada dentro de costumes e práticas do universo cultural e religioso dos cultos afro-brasileiros.

Em se tratando de religião, é mister dizer que a questão da nossa identidade cultural perpassa pelo aspecto da religiosidade, seja enquanto manutenção da ordem dominadora ou enquanto resistência. No campo religioso, os cultos afro-brasileiros nos possibilitam ter uma visão dos aspectos sócio-culturais do povo negro no contexto religioso, sagrado. Quanto a isso, vale observar que, desde o Brasil-Colônia, as práticas religiosas, na sua maioria, mantiveram-se de maneira clandestina. Na realidade, usaram-se meios repressivos e discriminatórios para acabar com a religião negra. Porém, o que se viu foi à religião oficial manter-se como dententora do domínio do culto. Por último, logramos afirmar que, à religião enquanto fenômeno universal e cultural, no espaço e no tempo é, transmissora e conservadora de manifestações culturais. Por isso, se buscamos construir uma sociedade em que todos tenhamos os mesmos direitos e deveres, é necessário à desconstrução de conceitos, ideias e imagens negativas forjadas ao longo do tempo quando se refere à valorização da história dos povos africanos e da cultura afro-brasileira.

Cultos afro-brasileiros:*

"Os cultos afro-brasileiros são constituídos pela mistura das tradições religiosas dos povos africanos nagô, bantu, ioruba e jeje, trazidos com os escravos para o Brasil, com elementos das tradições indígenas e o catolicismo. Proibidos de praticar sua religião, os escravos associam seus rituais e divindades aos rituais e santos da Igreja Católica, produzindo um forte sincretismo religioso.

Candomblé: Predominante na Bahia, o candomblé é a religião da nação africana Ioruba. As principais divindades são Olorum, deus supremo, criador de Obatalá (o Céu) e de Odudua (a Terra). Da união dessas divindades nasceu Iemanjá (as Águas) e Aganju (a Terra firme) que, por sua vez, são os pais de Orungão (a Ar).

Orixás e santos católicos: Os orixás são divindades do candomblé ligado as forças da natureza e a certos aspectos da vida humana. O principal é Oxalá, uma manifestação de Olorum. Algumas divindades são associadas aos santos católicos: Ogum (deus do ferro e da guerra) é Santo Antônio ou São Jorge; Omolu (deus das doenças) é São Lázaro; Oxumaré (a serpente) é São Bartolomeu; Oxossi (deus da caça) é São Jorge; Xangô (deus do trovão) é São Jerônimo. As três mulheres de Xangô são Iansã (deusa dos ventos e das tempestades), associada a Santa Bárbara; Oxum (deusa das fontes e da beleza), é Nossa Senhora das Candeias e Oba (deusa dos rios). O panteão do candomblé inclui também Exu, mensageiro dos deuses, entidade de transformação associada ao mal e à figura do demônio.

Cultos do candomblé: Os cultos às divindades são realizadas nos terreiros e dirigidos por pai-de-santo (babalorixá) ou mãe-de-santo (ialorixá). Alguns rituais com oferendas de animais sacrificados aos orixás são restritos aos iniciados. Nos cultos abertos, são feitos oferendas e consultas aos orixás através dos búzios jogados pelo pai ou mãe-de-santo. O culto é marcado pelos diferentes ritmos dos atabaques e cantos, e, se diferenciam de acordo com o orixá cultuado.

Umbanda: A umbanda também tem sua origem na mistura de tradições religiosas africanas, indígenas e católicas. Além dos orixás, cultua os caboclos ou preto-velho, espirito dos antepassados que servem de guias ou conselheiros aos fiéis. Os rituais são semelhantes aos do candomblé. Alguns grupos assimilavam elementos do espiritismo, dando origem á umbanda de mesa e a umbanda de salão, onde os pontos dos orixás, atabaques e jogos de búzios são substituíos pelas sessões de passe e de consulta aos espíritos através de médiuns." (*Almanaque Abril, págs. 738-739, Ano/1995).

Assim sendo, a realidade sócio-cultural do povo negro, bem como dos afro-brasileiros está marcada pelo processo de resistência constante aos ataques da sociedade impregnada de preconceitos racistas. Portanto, a religiosidade do povo negro, não deve representar o centro da marginalidade, mas o local de manifestação e manutenção da cultura afro-brasileira.


Axé para todos!!!

Texto adaptado pelo Prof. José Lima Dias Júnior.


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