quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Desfile de 7 de setembro de 2011

Patricia e Luis Vitorino (Prof. Educ. Física)

Mais uma vez participamos do desfile de 7 de setembro e como das participações anteriores fizemos bonito. A aluna Patricia Valentim representou muito bem a nossa escola e foi uma das porta-bandeiras da ala MEIO AMBIENTE. 
Os Porta-Bandeiras

As escolas da Rede Municipal de Educação abriram o desfile esse ano e este teve inicio por volta das 08:00h. Também participaram do desfile professores, supervisores, Técnicos da GEED e diretores das escolas.
Diretrores das Escolas Municipais

Parabéns a todos e a todas que estiveram envolvidos neste desfile cívico e que contribuíram para tornar um evento tão belo.

Valeu!

domingo, 4 de setembro de 2011

CAIS DOS ESCRAVOS

 Ricardo Westin

Por mais de três séculos, dos primórdios da colônia ao ocaso do império, a economia do Brasil foi sustentada pelos escravos. Os negros vindos da África trabalharam nas lavouras de cana-de-açúcar e café e nas minas de ouro de diamante. O tráfico negreiro, por si só, era um dos setores mais dinâmicos da economia. Os historiadores estima que 4 milhões de africanos foram trazidos à força para o Brasil. Deste total, 1 milhão entrou no país pelo Valongo, um cais construído no Rio Janeiro em 1758 especialmente para receber navios negreiros. Os escravos eram expostos e vendidos em logjas espalhadas pela vizinhança.O Valongo deixou ser por to negreiro em 1831, quando foi proibida a importação de escravos.

Ruínas do Valongo
O Valongo logo foi apagado. Sobre ele, o império construiu o Cais da Imperatriz, para o desembarque da mulher de Pedro II, Teresa Cristina, vinda do Reino das Duas Sicílias. Mais tarde, a república aterrou aquela zona e a cobriu com ruas e praças. O maior porto de chegada de escravos do mundo desapareceu como se nunca houvesse existido. Quase dois séculos depois, o Brasil se vê obrigado a encarar  novamente um dos cenários mais vergonhosos de sua história. Com o objetivo de embelezar o Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, a prefeitura pôs em execução uma ampla reforma da decadente zona portuária. Antes de ser realizada qualquer obra urbana em áreas antigas, a lei exige que arqueólogos inspecionam o terreno, para impedir que relíquias enterradas sejam perdidas. Na varredura do subsolo, a quase 2 metros de profundidade, uma equipe de pesquisadores do Museu Nacional encontrou o piso do Cais do Valongo. É a descoberta arqueológica mais importante da década do Brasil. As ruínas foram localizadas debaixo de uma praça malcuidada entre o Morro da Providência, o Elevado da Perimentral e a Praça Mauá.

O Cais do Valongo ficava longe da vista dos cariocas, na periferia da cidade. Ao redor funcionavam umas cinquenta "casas de carne", como então se dizia sem constrangimento. No andar de cima desses sobrados viviam os comerciantes coms suas famílias. No andar de baixo, em salões, os escravos ficavam expostos aos interessados. A maioria dos cativos à venda eram crianças e adolescentes. Não convinha a importação de adultos porque eles se mostravam menos resistentes aos maus-tratos -- eram poucos os que sobreviviam além dos 35 anos. "Essa imagem que temos de escravos mais velhos é coisa de Hollywood", explica o historiador Carlos Eurgênio Líbano Soares. No início do século XIX, um escravo custava em média 100 000 réis. Como comparação, uma casa pequena custava 1 conto de réis (o equivalente a dez escravos). Ao governo cabiam 5% de cada transação.

Mercado do Valongo - Rio de Janeiro, gravura de Debret (1820)
Os poucos desenhos e pinturas do Valongo mostram que os escravos normalmente não ficavam acorrentados. Não era necessário. Primeiro, porque a travessia do Atlântico, nos porões dos navios negreiros, era extenuante e eles desembarcavam desnutridos e doentes. Uma vez no Valongo, não tinham forças para tentar fugir. Depois, porque desconheciam a nova terra. Caso conseguissem escapar, não saberiam para onde correr nem onde se esconder. E, por fim, porque sabiam que se fugissem e acabassem capturados seriam impiedosamente dastigados. Curiosamente, a impressão incial que se tinha ao chegar ao Valongo era a de um lugar alegre. Os negros que ficavam expostos do lado de fora das lojas fazima batuques, batiam palmas, cantavam e dançavam os ritmos da África. Para os observadores desavisados, eles estavam felizes porque haviam saído do inferno que eram os navios negreiros. A impressão de alegria era ilusória. Na realidade, eles eram forçados pelos comerciantes, sob a ameaça de varas e chicotes, a exibir vitalidade. Dessa forma, valeriam mais.

Ruínas do Mercado do Valongo - Rio de Janeiro

Antes da abertura do Valongo, os navios negreiros desembarcavam sua carga na atual Praça Quize, no centro do Rio, justamente onde funcionavam as principais repartições públicas da colônia. Com o tempo, os burocratas começaram a ficar perturbados com as cenas degradantes do mercado de escravos. O cais do centro continuou funcionando depois da criação do Valongo, mas em mercadorias humanas. Portos do Nordeste também recebiam africanos, mas nenhum teve tanto movimento quanto o Valongo em seus 73 anos de funcionamento oficial. Após a proibição da importação de escravos, o cais seguiu recebendo cativos clandestinamente por alguns anos. Em 1843, as autoridades aproveitaram a chegada da mulher de dom Pedro II par erguer o Cais da Imperatriz em cima do Valongo. "Foi uma forma de apagar da cidade aquela chaga vergonhosa", afirma Tania Andrade Lima, a arqueóloga que conduz as escavações.

Fonte: Revista Veja, edição 2230, ano 44, nº 33, 17 de agosto de 2011, p. 126 e 128.