sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Projeto Trilha e Conhecimento é matéria do Jornal do Professor do MEC.

Por meio de trilhas, professor leva alunos a conhecer ecossistemas litorâneos
A Estação Ambiental Mangue Pequeno, em Icapuí (CE), foi um dos locais visitados
A Estação Ambiental Mangue Pequeno, em Icapuí (CE), foi um dos locais visitados
Autor:Arquivo do blog

O professor Mauro Alexandrino Marciel da Costa dá aulas de geografia para alunos de ensino fundamental e médio de duas instituições do Rio Grande do Norte: Escola Estadual Rui Barbosa, no município de Tibau e Escola Municipal Genildo Miranda, na comunidade rural de Sítio Lajedo, em Mossoró.
Há sete anos no magistério, ele desenvolve, desde 2009, na Genildo Miranda, o projeto Trilha e Conhecimento, que tem o objetivo de fazer com os alunos conheçam o ecossistema litorâneo. Com esse trabalho, Mauro Marciel quer que os alunos desenvolvam a capacidade de observar o espaço ao seu redor, além de visualizarem, na prática, os elementos formadores do espaço geográfico. Entre os locais visitados estão as praias cearenses de Ponta Grossa e Requeguela, em Icapuí, e de Iracema, em Fortaleza, onde os estudantes conheceram o Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar.
“Depois da realização do projeto, nossos alunos começaram a melhorar o entendimento do espaço em que habitam e dos ecossistemas visitados, bem como a atuação e cuidado necessários para a conservação do espaço”, revela o professor.
Em 2013, ele pretende não só dar continuidade ao projeto na escola como também ampliá-lo aos professores da rede municipal de ensino de Mossoró. Com graduação em geografia e especialização em educação, Mauro Marciel faz, atualmente, mestrado em educação.
Saiba mais sobre o projeto Trilha e Conhecimento

Acesse o blog da EM Genildo Miranda


Postagem no site Jornal do professor AQUI


.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

1º dia de aula 2013

Depois das férias de fim de ano e da folga do carnaval, alunos e professores marcaram o primeiro dia de aula com clima de festa e receptividade.


Alunos cantam o Hino Nacional e o Hino Municipal. O resgate ao patriotismo e o respeito pelos Símbolos Nacionais. 





Depois de cantarem o Hino Nacional e o Municipal, os alunos participaram de uma dinâmica desenvolvida pelos professores.


Após as boas vindas, os novatos do 6º ano foram conhecer a nova sala de aula. 



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

DIX-HUIT ROSADO


No dia 21 de maio de 1912, há cem anos, nascia em Mossoró, Rio Grande do Norte, Jerônimo Dix-huit Rosado Maia, filho do paraibano de Pombal, Jerônimo Ribeiro Rosado, casado em segundas núpcias com a conterrânea, Isaura Rosado Maia, irmã da primeira esposa, Maria Amélia Henriques Maia, de quem enviuvara.  Jerônimo era filho de um português de Coimbra, Jerônimo Ribeiro Rosado, que residia há muito tempo em Pombal. Formado em Farmácia, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, o Jerônimo Rosado, ou seu Rosado, como era tratado em Mossoró, migrou para esta cidade, em 1890, à convite de um médico, com quem se associara para abrir a Farmácia Rosado. Seu Rosado registrou seus filhos e filhas com nomes esquisitos, o que já rendeu a participação de alguns de seus descendentes no Domingão do Faustão. Seu biógrafo, Luís da Câmara Cascudo conta no livro lançado em 1967, Jerônimo Rosado – Uma Ação Brasileira na Província que, seguindo a tradição portuguesa de registrar o primeiro filho com o nome do pai, o primogênito chamava-se Jerônimo Rosado Filho, o Rosadinho. O segundo filho, Laurentino, herdou o nome do avô materno, viveu apenas onze meses, porém com o nascimento do terceiro filho, Tércio Rosado Maia, seu Rosado iniciaria a numeração dos filhos. “Daí em diante, com surpresa admirada e permanente, a série obedece a assinalação numérica, única no Brasil no plano da onomástica”, registra Cascudo.     
       Portanto, nosso homenageado, Dix-huit, em francês significa dezoito, era o décimo oitavo filho de seu Rosado, mas havia outros filhos registrados em latim. Conheci, por exemplo, Oitava, Treizième, Dix-huit, Dix-neuf, Vingt e Vingt-un. O primeiro filho, Rosadinho, médico, faleceu jovem, aos trinta anos de idade, deixando três filhos, um deles, Lahyre Rosado, formado em Farmácia, primeiro neto e criado por seu Rosado. Doutor Lahyre, conheci bem, pai da amiga e colega na faculdade de jornalismo, Ilná Rosado. Seu Rosado era bastante envolvido com o desenvolvimento de Mossoró, lutou especialmente pela água e transporte ferroviário, chegou a intendente do município e faleceu em 1930, deixando o caçula, Vingt-un, com apenas nove anos de idade.  Câmara Cascudo conta que as primeiras pessoas do sexo feminino a trabalhar no comércio da cidade foram as filhas de seu Rosado, atendendo no balcão da farmácia, como Sétima e Onzième. Os homens cuidavam especialmente de uma pedreira que ele havia adquirido numa localidade próximo a Mossoró, em São Sebastião, hoje município de Governador Dix-sept Rosado, em homenagem ao décimo sétimo filho, que assumiu o cargo de governador do Rio Grande do Norte, em 1951. Conta Cascudo, que a extração de gesso inspirou os filhos de seu Rosado, ao ponto em que “...Dix-huit, ainda menino procurou o pai para informá-lo que não mais pretendia estudar. Ao que seu Rosado indagou: “E você, o que vai ser?”. “Tirador de gesso”, respondeu, convencidíssimo da vocação. O pai mandou fazer um macacão, vestimenta azul, folgada e confortável, com o dístico nas costas, Tirador de Gesso, anunciando que na próxima semana o jovem operário estaria de picareta e pá às margens do riacho do Tapuio, escavando gipsita. Dix-huit desistiu. Seria médico eminente, duas vezes deputado federal, senador da república”, registra Cascudo na biografia de seu Rosado.
         Dix-huit ficou órfão do pai aos dezoito anos de idade, estudara em Recife, formando-se na Faculdade de Medicina da Bahia, turma de 1935, aos 23 anos de idade. Ainda sobre Dix-huit, dona Marieta Lima, artista plástica da cidade, que em janeiro de 2012 comemorou cem anos de idade, contou no programa Mossoró de Todos os Tempos que teve um breve romance com Dix-huit, quando meninotes. Ambos tinham menos de quinze anos de idade e que ele, Dix-huit, ainda andava de calças curtas, morava na Rua 30 de Setembro, e se encontravam às escondidas, na Praça da Redenção.

 A POLÍTICA

          Tenente-Coronel e Chefe de Saúde da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Dix-huit foi o primeiro dos herdeiros de seu Rosado a ingressar na política, em 1945, como deputado estadual, período em que Dix-sept foi eleito prefeito de Mossoró. Dix-huit ainda exerceu dois mandatos de deputado federal, em 1950 e 1954. Eleito senador em 1958, exerceu o mandato de 1959 a 1966, oportunidade em que visitou alguns países de regime comunista, em missão oficial, incluindo a China, de Mao Tse Tung. Ainda na década de sessenta, Dix-huit foi nomeado pelo Presidente Costa e Silva para ocupar a presidência do INDA – Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário - período em que implantou em sua terra natal a ESAM – Escola Superior de Agronomia de Mossoró – com o curso de Engenharia Agronômica, hoje UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi Árido - que oferece diversos cursos, além de Agronomia, Medicina Veterinária, Direito, Engenharia Civil, Engenharia de Pesca e tantos outros. Eleito prefeito de Mossoró em três mandatos – 1972, 1982 e 1992 – Dix-huit Rosado deixou a marca de ter sido o melhor prefeito de todos os tempos.


Neste vídeo, Dix-huit Rosado, então presidente do INDA, recebe em Mossoró, o Presidente do Brasil, Marechal Costa e Silva, que inaugura poço artesiano, a Faculdade de Ciências Econômicas e a ESAM, em 1967.


Como empresário do ramo de comunicação e entretenimento, entregou a Mossoró em 1955, a Emissora de Rádio Tapuyo e o Cine Teatro Cid, um prédio imponente no centro da cidade, hoje Teatro Lauro Monte Filho, pertencente ao governo do estado.
       Sobrevivente de um acidente aéreo em 1947, no qual faleceu o piloto, Dix-huit teve a sorte que faltou ao irmão, então governador Dix-sept Rosado, morto em acidente aéreo quando se deslocava ao Rio de Janeiro, então capital federal, em 1951, aos quarenta anos de idade, com apenas seis meses de mandato. Dix-sept é pai do ex-deputado estadual, Carlos Augusto, marido da atual governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini Rosado.


Revista produzida para a comemoração
Na noite de 12 de maio de 2012, um sábado, a Prefeitura Municipal de Mossoró brindou a cidade com um grande evento em comemoração ao centenário de Dix-huit Rosado, no Memorial da Resistência, que contou com a presença de toda a família do homenageado, que veio do Rio de Janeiro, como os filhos Mário e Naide Rosado, além de convidados do estado. Na ocasião, foi distribuída a revista 100 Anos de Dix-huit Rosado, editada pelos jornalistas César Santos, Edilson Damasceno, Julierme Torres, José de Paiva Rebouças; diagramação de Augusto Paiva e revisão de Stella Sâmia, tendo como curador da homenagem, o ex-chefe de gabinete de Dix-huit Rosado, Sebastião Almeida.
        Dix-huit Rosado pertencia a uma geração de políticos que chegava junto ao povo, no homem comum, ou seja, era acessível, não andava com assessores e secretários, apenas com o motorista. Ele mesmo visitava obras, acompanhando reformas, por exemplo. Por diversas vezes presenciei-o chegando na Cobal, hoje Conab, para acompanhar a sua construção. Eu, garota, pedalando bicicleta, parava para ver aquele homem de estatura gigantesca, sempre vestindo uma espécie de conjunto, a calça e camisa da mesma cor. Vaidoso, ao descer do carro, retirava do bolso um pequeno pente, que passava nos raros cabelos, guardava-o e caminhava em direção à obra, cumprimentando a todos que passavam pelo local, trocando ideias e batendo papo com quem dele se aproximasse. Há alguns anos ouvi depoimento de uma moradora da Rua Frei Miguelinho, dona Maura Medeiros. Ela disse que o então prefeito Dix-sept Rosado, não só acompanhava de perto a obra de calçamento a paralelepípedo naquela via, no final da década de quarenta, como sentava-se no meio fio e tomava café junto aos funcionários da obra.        
       Nos finais de semana, Dix-huit dispensava o motorista e o carro oficial, dirigia ele mesmo sua camioneta, tipo S 10, ao lado de Tia Nayde, para a fazenda ou mesmo dar umas voltinhas na cidade, visitar amigos. Mas era outro tempo. Talvez Dix-huit pertencia a uma classe de prefeito que diariamente batia o ponto em seu local de trabalho, na prefeitura, para onde havia sido eleito.
                    
Para conhecer um pouco de Dix-huit e de sua esposa, que a cidade chamava na intimidade de Tia Nayde, reproduzo entrevista que fiz com o casal, ao final do segundo mandato dele, quando a saudosa Tia Nayde profetizou que retornariam a cidade para um terceiro mandato. Vejamos: 

Dix-huit e Nayde


Entrevista ao jornal O MOSSOROENSE, em 1988.

Tia Nayde, uma amiga de Mossoró
Por Lúcia Rocha

Nayde de Medeiros Rosado é uma pessoa de gestos e traços finos, que transmite aos que a rodeia uma paz e  conduz para um mundo onde não há espaço para a maldade, o pessimismo e o ódio. Companheira durante mais de cinquenta anos de Dix-huit Rosado, prefeito de Mossoró, Nayde é aquela que ele escolheu em meio a um ato religioso, quando a viu pela primeira vez, em Natal. Pertencente a nata da sociedade natalense, filha de Manoel Clementino de Medeiros e Olindina Duarte de Medeiros, Nayde Rosado teve uma educação religiosa no Colégio Imaculada Conceição, tradicional na capital potiguar. Seu pai fora educado na Suíça, à exemplo dos seus irmãos. Esportista, Nayde Rosado praticou tênis até se casar. Depois aderiu ao Cooper, para manter o corpo em forma. Considerada uma das moças mais bonitas de Natal, foi por diversas vezes convidada a participar de concursos de beleza, não aceitando atendendo pedido da mãe, que desejava um futuro longe das passarelas para a filha.

PARA A CIDADE ELA É UMA TIA, PARA DIX-HUIT,  UMA PRINCESA
             Nayde Rosado conheceu Dix-huit durante uma procissão de Santos Reis, em Natal. Estava acompanhada da mãe e, Dix-huit atento a sua beleza, em meio a multidão, dirigiu-se a ela e, num ligeiro bate-papo, pediu-lhe o endereço: “Fiquei encantada com Dix-huit, logo que o vi. Sua beleza me chamou a atenção. Senti uma grande emoção porque fez-me elogios, dizendo ser eu muito bonita”, conta Nayde Rosado, que quando passou a sair com Dix-huit percebia o assédio das mulheres que lhe dirigiam olhares a todo instante. Mesmo assim, não sentiu-se enciumada. Dix-huit confirma que realmente conheceram-se durante o ato religioso: “Desde então, ligamos nosso destino para alcançarmos depois de 51 anos o status conjugal no qual vivemos tranquilamente, quase que num ambiente isolado, afastados dos filhos e da família. Nossa convivência é a mais amena. Temos pouca reclamação a fazer um do outro”, enfatiza. Dizendo tratá-la com o carinho de quem paga uma dívida permanente, pela dedicação que ela lhe atribui, Dix-huit afirma ter sido Nayde, uma mãe carinhosa, que amamentou todos os filhos durante seis meses, como a medicina recomenda: “Comprova-se com facilidade o resultado desse procedimento, com a aparência de todos os filhos. Os homens são atletas e as mulheres, no meu julgamento, são lindas. O pai tem o direito de assim proceder”, palavras de um pai coruja. Numa referência ao mandato de prefeito, Dix-huit lembra que está alcançando o fim do mandato com suas mãos: “Preparamos para voltarmos ao lar que largamos temporariamente para servir a Mossoró. Eu, com minha obsessão e Nayde, com a sua paixão. Podem até pensar que não vou sair com saudade da cidade. A brava urbe vive intrinsecamente ligada ao meu coração. Vou ter saudade de tudo e de todos. Nada reclamarei de ninguém, até mesmo aqueles que me feriram profundamente. As feridas cicatrizaram. Resta apenas um reliquat que desaparecerá com o tempo”, promete Dix-huit.
             CASAMENTO E EDUCAÇÃO DOS FILHOS
      Até conhecer Dix-huit, Nayde não sabia da existência da família Rosado. “Namoramos pouco mais de um mês e nos casamos”, explica Nayde. O casamento foi num sábado de Carnaval, numa cerimônia simples. Nessa época, médico recém-formado, Dix-huit clinicava em Assu, onde o casal morou alguns dias, transferindo-se em seguida para Mossoró, depois alguns anos em Natal, onde nasceram todos os seis filhos: Liana Maria, Mário, Margarida, Maria Cristina, Nayde Maria e Carlos Antonio. Eleito Deputado Federal, Dix-huit transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, então capital federal e cidade que adotou por muitos anos e onde nasceram os netos e bisnetos. Na educação dos filhos teve preocupação em atividades, praticando esportes, línguas e balé. Liana Maria foi educada nos Estados Unidos. Longe do convívio com a família, Nayde Rosado fala quase que diariamente com os filhos e netos. “Hoje me sinto tão realizada, que a maturidade trouxe o conhecimento acerca de tudo e de todos”, comenta. Bastante amiga de todos os membros da família Rosado, Nayde reconhece que a cunhada Treizième Rosado, a quem considera matriarca da família, é sua maior amiga. “Treizième é gente muito fina, que admiro bastante”, disse. 


Nayde com a cunhada e amiga, Treizième

MOSSORÓ TODA VIDA

          Seu filho, Mário Rosado, economista, diz que a mãe pensa que mora no Rio de Janeiro. “Mas ela é devota de Dix-huit. Temos o maior carinho por eles. Estendemos o carinho e a dedicação deles a Mossoró, por isso nos privamos durante anos, da companhia deles. Gostaria que servisse de exemplo a outras mulheres”, entrega Mário, que confessa que se existisse santa na terra, sua mãe seria uma. “Ela é essa candura de pessoa que você está vendo. Nunca a ouvi falar com ódio, vingança ou algo parecido”, conta. Mário também explica que, à exemplo dos seus irmãos, é entusiasmado por Mossoró. “Nossos filhos têm tido oportunidade de ir a Mossoró e sempre temos dificuldade em voltar para o Rio ou São Paulo. Eles querem ficar em Mossoró, pois são encantados com a cidade”, afirma. Numa referencia a Mossoró, Mário, que também é poeta, autor do livro Poemas do Amor Constante, esclarece que a força do desempenho da cidade é reconhecida hoje no Brasil inteiro e é exemplo para o Nordeste. “Dix-huit é o nosso ídolo. Mostra-nos que o homem vale mais pelas obras que faz. Ele desprezou a roupa fina para viver na cidade que tanto ama. Somos muito entusiasmados por Mossoró”, repete Mário, que fala também em nome dos irmãos. Sobre Dix-huit, Nayde Rosado conta que não tem palavras que possam traduzir a admiração que sente por ele: “Nunca desejou mal a ninguém, é uma pessoa que ama sua terra e que nunca deixou de demonstrar isso. Gostamos muito do slogan Mossoró Toda Vida. Ele bem traduziu o afeto que temos pela cidade”, resume. Mas Nayde Rosado, que não gosta de ser rotulada de primeira-dama, dispensa esse tratamento por achar que não possui nenhum significado: “Não tenho vaidade de coisa nenhuma, não vivo à sombra disso”, descarta. Nayde é muito querida, principalmente pelas pessoas mais humildes, a quem tem tido a oportunidade de conhecer e servir, independente de partidarismo. “Quando faço uma bondade, um gesto, que mereça um elogio de alguém, faço com a melhor das intenções. Gosto de servir e de estar em contato com o povo, seja pobre ou rico”, esclarece. Dizendo ter em Mossoró amigos verdadeiros, apesar de ter passado maior parte da vida no Rio de Janeiro, Nayde diz: “Todos me tratam com carinho, todos são amigos. Vou levando as melhores recordações”, registra. Com certeza são os mais humildes que demonstram mais amizade e afeto. Nunca pedem nada, mas Tia Nayde oferece e procura servi-los. “Uma coisa que me choca é que muitas vezes não gravo a fisionomia das pessoas. Não sou boa fisionomista e tenho tido problemas, porque acho que muitas vezes possa parecer antipática, quando na realidade, deixo de falar com as pessoas por não gravá-las na mente. Algumas vezes é o nome que foge na hora de cumprimentá-los”, enfatiza.

Rosalba Ciarlini Rosado, Nayde, Dix-huit e o amigo, Sebastião Mendonça



A música do casal diz: “Em você tudo é encantamento/Em você tudo é deslumbramento/Você traduz sonhos de luz/anjo divino/Qual uma dádiva do céu no meu destino/Em você eu encontrei, querida/A realização de toda minha vida/É você minha expressão da verdade/A minha apoteose de felicidade”. A música bem traduz a felicidade que reina ao casal Dix-huit-Nayde Rosado. A felicidade muito comum em um casal que se ama, acima de tudo. No ano passado, o casal reuniu o clã para a comemoração das Bodas de Ouro, no Rio de Janeiro. “Foi tudo muito bonito, não sei como segurei tanta emoção”, recorda Nayde. Perguntada por qual momento sente-se mais feliz em Mossoró, ela diz que tanto em Mossoró, como em qualquer lugar é quando o prefeito retorna a casa. Nayde gosta de passear pelo comércio de Mossoró. “Aprecio as butiques e admiro a facilidade que as mulheres daqui têm em andar na moda. A mesma moda que vemos no Rio, ser lançada aqui, simultaneamente. Nunca trago novidades, porque encontro aqui em Mossoró”, comemora. Adriano da Silva Pinto tem nove anos de idade e é um dos inúmeros amigos de Nayde, ele confessa que tia Nayde é uma pessoa boa. “É como se fosse minha irmã”, disse. Adriano acompanha a tia, segundo ele, para jantar fora, batizados e quase todo final de semana vai lhe visitar. O sobrinho Laíre Rosado Filho, diz que tia Nayde é uma pessoa que conquistou Mossoró com sua bondade e simpatia. “À exemplo de tio Dix-huit, ela deixou de pertencer a sua família para se dedicar a Mossoró”, comenta. Sobre o retorno ao convívio com a família no Rio de Janeiro, que está próximo, Nayde Rosado afirma que sai com a certeza da volta. “Essa minha demonstração é maior, não pelo sentimento, mas já manifestei a Dix-huit que devemos manter uma residência aqui, para voltarmos sempre. E até pensando na possibilidade de vê-lo novamente na prefeitura, como diz o provérbio, o bom filho à casa retorna”, profetiza.                                     
Nota: em 1992, quatro anos após essa entrevista, Dix-huit Rosado candidata-se a prefeito de Mossoró, aos 80 anos de idade e, eleito, cumpre o terceiro mandato até 22 de outubro de 1996, falecendo aos 84 anos, deixando como titular, a sobrinha, vice-prefeita Sandra Rosado, filha de Vingt Rosado e primeira mulher, descendente de seu Rosado, a ocupar a cadeira de prefeito do município. Sandra Rosado atualmente cumpre segundo mandato de deputada federal.

Texto extraído do Blog da Lúcia Rocha


       

Ricardo Vieira do Couto


O baiano Ricardo Vieira do Couto que, ao lado do mossoroense Jeremias da Rocha Nogueira e do português José Damião de Souza Melo, formou a tríade de iniciação do jornalismo em Mossoró.
               Filho de Severino Nassário do Couto e Ana Josefa do Couto nasceu na cidade de Salvador, em 1828. Em 29 de setembro de 1883 casou-se com Teresa Delmira de Jesus, que era natural de Touros, no Rio Grande do Norte.
               Homem de temperamento moderado, calmo, sereno e firme nas opiniões, usava seus escritos para contrabalançar as ideias daqueles dois companheiros de textos demolidores: Jeremias e José Damião. Apesar disso, era tão crítico quanto aqueles. Liberal de princípios; “valente censor do convencionalismo das sociedades em liquidação". Satírico golpeador das frases ridículas, com rimas glosadas com humor impecável.
               Em 1883, quando a cidade se une em prol da libertação dos escravos, encontramos Ricardo Vieira do Couto como abolicionista sócio da Libertadora Mossoroense.
               Na sessão memorável do dia 30 de setembro, Joaquim Bezerra da Costa Mendes solicitou ao Administrador da Mesa de Rendas, que outro não era senão Ricardo Vieira do Couto, que declarasse se ainda havia escravos no município de Mossoró. O administrador levantou-se e disse que certificava à vista dos livros de matrícula que todos os negros da terra de Souza Machado eram livres.
               O jornal O Mossoroense foi criado por Jeremias da Rocha Nogueira a fim de servir de trincheira aos liberais, logo após as eleições municipais de 7 de setembro de 1872 para a escolha de vereadores e juiz de paz. Aconteceu que, usando o seu poder político, o padre Antônio Joaquim, líder dos conservadores, detentores de todos os cargos públicos da cidade, levou as urnas para apurá-las de uma forma escusa, dentro da igreja, onde colocou capangas armados de porretes e punhais na entrada, para barrar o acesso de qualquer liberal. Coincidentemente, para os cargos disputados, só correligionários do padre foram eleitos.
               O jornal surgiu trazendo em seu frontispício indícios de sua linha editorial: "Semanário, Político, Comercial, Noticioso e Antijesuítico". Os textos ali publicados refletiam o pensamento liberal e o temperamento forte do seu fundador. E todos os editoriais publicados semanalmente nesta 1ª fase do jornal que foi até 1876, tinham como alvo o Partido Conservador, e principalmente o padre Antônio Joaquim. Jeremias contou, para tanto, com a colaboração de José Damião de Souza Melo e Ricardo Vieira do Couto. No dizer do historiador Raimundo Nonato, Jeremias da Rocha Nogueira "era um homem impulsivo, sempre pronto para enfrentar uma situação adversa que se criava envolvendo sua pessoa, sem medir consequências e sem avaliar a extensão do perigo. José Damião de Souza Melo era um homem de decisões violentas, fulgurante inteligência e coragem de um herói guerreiro dos tempos pré-históricos. E Ricardo Vieira do Couto era o poder moderado colocado entre aquelas duas bombas de explosão retardada".
               Ainda nas palavras do mestre Raimundo Nonato, O Mossoroense era "um jornal do povo, sentinela da liberdade e porta-voz das inquietações da coletividade, das multidões tumultuadas, dirigido por um idealista, um panfletário atrevido e violento, uma figura do admirável jornalista desfilando nos limites da província, portador das ideias liberais que engolfavam o século".
               Ricardo Vieira do Couto faleceu em 1885. Na edição do jornal "O Mossoroense" de 28 de janeiro de 1904, a matéria da capa é sobre o nobre jornalista, que o jornal trata como "filósofo, pensador e observador profundo dos homens e das coisas".

Texto extraído do Blog do Gemaia