sexta-feira, 29 de abril de 2011


África Antiga: breve comentário





O texto abaixo é apenas uma introdução para o assunto que iremos estudar em sala de aula.

As Diversas Áfricas:
 
Há estudos historiográficos sobre pelo menos duas "Áfricas" bastante distintas. Uma é a da região do Egito, local de surgimento das primeiras sociedades complexas da humanidade. A outra é a que costumamos chamar de subsaariana, ou seja, aquela que se desenvolveu ao sul do deserto do Saara. A África é o território terrestre habitado há mais tempo, e supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu. Os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África(Tanzânia e Quênia) têm cerca de cinco milhões de anos. O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos. Para além disso, a África foi, desde a antiguidade, procurada por povos doutros continentes, que buscavam as suas riquezas, por vezes ocupando partes do “Continente Negro” por largos períodos. A estrutura atual de África, no entanto, é muito recente – meados do século XX – e resultou da colonização européia.

 
Proto-história de África
De acordo com as descobertas mais recentes de fósseis de hominídeos, a parte oriental da África(e Sudoeste da Ásia) parecem ter sido o suposto “berço único da humanidade”, não só onde, pela primeira vez, apareceu a espécie Homo sapiens, mas também grande parte dos seus antepassados, os Australopithecus (que significa “macacos do sul”), os Pithecanthropus (que significa “macaco-homem”) e, finalmente, o género Homo (ver Swartkrans, por exemplo).

No deserto da Líbia encontraram-se gravações em rochas (ou "petroglifos") do período Neolítico, e megalitos, que atestam da existência duma cultura de caçadores-recolectores nas savanas secas desta região, durante a última glaciação. O atual deserto do Saara foi um dos primeiros locais onde se praticou a agricultura na África (cultura da cerâmica de linhas onduladas). Outros achados arqueológicos demonstram que, depois da desertificação do Saara, as populações do Norte de África passaram a concentrar-se no vale do rio Nilo: os “nomas”, cuja cultura ainda não conhecia a escrita, e que, por volta de 6000 a.C., já tinha uma agricultura organizada.

África subsaariana
A África subsariana (português europeu) ou subsaariana (português brasileiro) corresponde à região do continente africano a sul do Deserto do Saara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte de África.
A palavra subsariana deriva da convenção geográfica eurocentrista, segundo a qual o Norte estaria acima e o Sul abaixo (daí o prefixo latino sub).
Efetivamente, o Deserto do Saara, com os seus cerca de 9 milhões de quilômetros quadrados, forma uma espécie de barreira natural que divide o continente africano em duas partes muito distintas quanto ao quadro humano e econômico. Ao norte encontramos uma organização sócio-econômica muito semelhante à do Oriente Médio, formando um mundo islamizado. Ao sul temos a chamada África Negra, assim denominada pela predominância nessa região de povos de pele escura.

Pode dizer-se que a história recente ou “moderna” da África, no sentido do seu registro escrito, começou quando povos de outros continentes começaram a registrar o seu conhecimento sobre os povos africanos – com excepção do Egito e provavelmente dos antigos reinos de Axum e Meroe, que tiveram fortes relações com o Egito.
Assim, aparentemente, a história da África oriental começa a ser conhecida a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi, descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" ou negros africanos. No entanto, outras partes do continente já tinham tido início a islamização, que trouxe a estes povos a língua árabe e a sua escrita, a partir do século VII.
As línguas bantu só começaram a ter a sua escrita própria, quando os missionários europeus decidiram publicar a Bíblia e outros documentos religiosos naquelas línguas, ou seja, durante a colonização do continente, pelo menos, da sua parte subsaariana.
As primeiras civilizações surgiram na África na Antigüidade:
A partir do texto acima, responda as seguintes questões?
1 - Quando se fala na África, qual a primeira coisa que vêm à sua mente?

2 - Para você é importante o estudo da história da África? Por quê?

3 - Qual o legado africano no mundo atual?



Fontes: PILLETI, Nelson e PILLETI, Claudino. História e vida integrada. 5ª série. Ed. Ática, 2008.

Este post foi extraído do blog (soprahistoriar.blogspot.com), em 28/11/2008.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

21 de Abril - Dia de Tiradentes








BIOGRAFIA
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (Fazenda do Pombal, batizado em 12 de novembro de 1746Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792) foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil colonial, mais especificamente nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Brasil, é reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil, patrono também das Polícias Militares dos Estados e herói nacional.
O dia de sua execução, 21 de abril, é feriado nacional. A cidade mineira de Tiradentes, antiga Vila de São José do Rio das Mortes, foi renomeada em sua homenagem.

 
Nascido em uma fazenda no distrito de Pombal, próximo ao arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, à época território disputado entre as vilas de São João del-Rei e São José do Rio das Mortes, na Minas Gerais. O nome da fazenda "Pombal" é uma ironia da história: O Marquês de Pombal foi arqui-inimigo de Dona Maria I contra a qual Tiradentes conspirou, e que comutou as penas dos inconfidentes.
Joaquim José da Silva Xavier era filho do reinol Domingos da Silva Santos, proprietário rural, e da brasileira Maria Antônia da Encarnação Xavier (prima em segundo grau de Antônio Joaquim Pereira de Magalhães), tendo sido o quarto dos sete filhos.
Em 1755, após o falecimento de sua mãe, segue junto a seu pai e irmãos para a sede da Vila de São José; dois anos depois, já com onze anos, morre seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perde as propriedades por dívidas. Não fez estudos regulares e ficou sob a tutela de um padrinho, que era cirurgião. Trabalhou como mascate e minerador, tornou-se sócio de uma botica de assistência à pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, e se dedicou também às práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, o que lhe valeu o apelido (alcunha) de Tiradentes, um tanto depreciativa.
Com os conhecimentos que adquirira no trabalho de mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos. Começou a trabalhar para o governo no reconhecimento e levantamento do sertão brasileiro. Em 1780, alistou-se na tropa da Capitania de Minas Gerais; em 1781, foi nomeado comandante do destacamento dos Dragões na patrulha do "Caminho Novo", estrada que servia como rota de escoamento da produção mineradora da capitania mineira ao porto Rio de Janeiro. Foi a partir desse período que Tiradentes começou a se aproximar de grupos que criticavam a exploração do Brasil pela metrópole, o que ficava evidente quando se confrontava o volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia. Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, tendo alcançando apenas o posto de alferes, patente inicial do oficialato à época, e por ter perdido a função de comandante da patrulha do Caminho Novo, pediu licença da cavalaria em 1787.
Morou por volta de um ano na cidade carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para a melhoria do abastecimento de água no Rio de Janeiro; porém, não obteve aprovação para a execução das obras. Esse desprezo fez com que aumentasse seu desejo de liberdade para a colônia. De volta às Minas Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela província. Fez parte de um movimento aliado a integrantes do clero e da elite mineira, como Cláudio Manuel da Costa, antigo secretário de governo, Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor da comarca, e Inácio José de Alvarenga Peixoto, minerador. O movimento ganhou reforço ideológico com a independência das colônias estadunidenses e a formação dos Estados Unidos da América. Ressalta-se que, à época, oito de cada dez alunos brasileiros em Coimbra eram oriundos das Minas Gerais, o que permitiu à elite regional acesso aos ideais liberais que circulavam na Europa.


Legado de Tiradentes perante a história do Brasil

Tiradentes permaneceu, após a Independência do Brasil, uma personalidade histórica relativamente obscura, dado o fato de que o Brasil continuou sendo uma monarquia após a independência do Brasil, e, durante o Império, os dois monarcas, D. Pedro I e D. Pedro II, pertenciam à casa de Bragança, sendo, respectivamente, neto e bisneto de D. Maria I, contra a qual Tiradentes conspirara, e, que havia emitido a sentença de morte de Tiradentes e comutado as penas dos demais inconfidentes. Durante a fase imperial do Brasil, Tiradentes também não era aceito pelo fato de ele ser republicano. O "Código Criminal do Império do Brasil", sancionado em 16 de dezembro de 1830, também previa penas graves para quem conspirasse contra o imperador e contra a monarquia:


"Art. 87. Tentar diretamente, e por fatos, destronizar o Imperador; privá-lo em todo, ou em parte da sua autoridade constitucional; ou alterar a ordem legítima da sucessão. Penas de prisão com trabalho por cinco a quinze anos. Se o crime se consumar: Penas de prisão perpétua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo."     
Tiradentes Esquartejado, em tela de Pedro Américo (1893) - Acervo: Museu Mariano Procópio.

Foi a República – ou, mais precisamente, os ideólogos positivistas que presidiram sua fundação – que buscaram na figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do Brasil, mitificando a sua biografia. Daí a sua iconografia tradicional, de barba e camisolão, à beira do cadafalso, vagamente assemelhada a Jesus Cristo e, obviamente, desprovida de verossimilhança. Como militar, o máximo que Tiradentes poder-se-ia permitir era um discreto bigode. Na prisão, onde passou os últimos três anos de sua vida, os detentos eram obrigados a raspar barba e cabelo a fim de evitar piolhos. Também, o nome do movimento, "Inconfidência Mineira", e de seus participantes, os "inconfidentes", foi cunhado posteriormente, denotando o caráter negativo da sublevação – inconfidente é aquele que trai a confiança. Outra versão diz que por inconfidência era termo usado na legislação portuguesa na época colonial e que "entendia-se por inconfidência a quebra da fidelidade devida ao rei, envolvendo, principalmente, os crimes de traição e conspiração contra a Coroa", e, que para julgar estes crimes eram criadas "juntas de inconfidência".
Historiadores como Francisco de Assis Cintra e o brasilianista Kenneth Maxwell procuram diminuir a importância de Tiradentes, enquanto autores mineiros como Oilian José e Waldemar de Almeida Barbosa procuram ressaltar sua importância histórica e seus feitos, baseando-se, especialmente, em documentos sobre ele existente no Arquivo Público Mineiro.
Atualmente, onde se encontrava sua prisão, funcionou a Câmara dos Deputados na chamada "Cadeia Velha", que foi demolida e no local foi erguido o Palácio Tiradentes que funcionava como Câmara dos Deputados até a transferência da capital federal para Brasília. No local onde foi enforcado ora se encontra a Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência. Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, sendo a data de sua morte, 21 de abril, feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.

Fonte: Wikipedia

terça-feira, 19 de abril de 2011

19 de abril: Dia do Índio


Às lutas do povo brasileiro teve início com o índio contra o invasor europeu. A cultua indígena foi desarticulada em nome da ideologia e da geopolítica das classes dominantes, fundamentada nos princípios mercantilista do século XVI.

Sob a luz espiritual da cristandade, a Igreja Católica facilitou a colonização europeia servindo o índio ao opressor. Explicada pela visão dos vencedores, a colonização se fez necessária uma vez que, os primeiros brasileiros representavam o atraso. A ideologia dominante justificou o extermínio dos índios e a ocupação de suas terras "como necessário para o progresso do Brasil", enfatiza Júlio José Chiavenato.

Com a chega dos navegantes d'além-mar, desencadeia-se "uma guerra biológica implacável". Com isso, vinheram as enfermidades ( à bexiga, á coqueluche, à tuberculose, o sarampo etc) trazidas pelo homem branco que se transformaram em "pestes mortais", bem como às "guerras de extermínio e da escravização" provocando, assim, a dizimação ou o "extermínio genocída e etnocída" dos grupos indígenas. Assim sendo, o plano de colonização foi no dizer de Darcy Ribeiro: "Um somatório de violência mortal, de intolerância, prepotência e ganância". À guerra de extermínio provocou a eliminação de vários povos. Visando universalizar a Igreja cristã no Novo Mundo (na América Portuguesa), era necessário, segundo o projeto católico da época, converter os índios pagãos em cristãos dementes, adoradores de Deus.

Os gentios eram vistos como animais ferozes e praticantes da antropofagia. Para os índios, a antropofagia é vista como um rito mágico. Acreditavam que "comendo dos músculos de um lutador adquiria sua força ou comendo os pés de um bom corredor adquiria sua velocidade".

Antes da invasão dos europeus, eram cerca de 5 milhões de índios, hoje só restam aproximadamente 350 mil indígenas, submetidos ao jugo do homem branco. É sintomático, que uma historiografia servil ao poder, sem uma visão crítica dos fatos enalteça e glorifique os bandeirantes como heróis nacionais.
 
Antes da chegada dos invasores portugueses as terras brasileiras, os números relatios aos índios que aqui viviam eram cerca de 5 milhões de nativos. Hoje, esse número não ultrapassa de 330 mil índios. É visível, a situação de miséria e abandono em que vivem os índios no campo ou nas cidades. Fora do convívio tribal, eles passam a ingressar a fileira dos marginalizados e excluídos e passam a fazer parte da camada social mais pobre do país.

Em síntese, a miopia colonizadora e a visão tradicional de alguns historiadores não foram capazes de apreender o processo de desenvolvimento social do ser humano, isto é, explicar o papel das três "raças" como agentes do contexto histórico. Enquanto não reconhecer como grupos humanos (etnicos), que se tente resgatar verdadeira historicidade. Assim, as lutas do povo brasileiro tem importância ímpar na história do Brasil.

Por Lima Júnior.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A África teria sido berço de toda linguagem humana...

A língua se expandiu junto com o ser humano, sugere estudo.
Pesquisador aplicou na linguística um conceito da genética.

Tadeu Meniconi Do G1, em São Paulo
 
Uma pesquisa publicada pela “Science” mostra que a origem da língua falada está na África. Já se sabia que o homem moderno surgiu no continente e, com este estudo, vem a hipótese de que existe uma relação entre os dois aspectos.

“As línguas se espalharam da mesma maneira que nós expandimos, essa é a conclusão do artigo. Não levamos só os nossos genes, levamos a língua também”, afirmou ao G1 Quentin Atkinson, professor da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, autor da pesquisa.

“Uma hipótese para por que conseguimos expandir tão rapidamente a partir da África é que a língua complexa foi uma inovação, uma vantagem real para nós, permitindo que cooperássemos e nos coordenássemos em grupos, mais que qualquer outro hominídeo”, explicou o cientista. Embora não possa afirmar com certeza, ele calcula que as línguas complexas tenham surgido entre 50 mil e 70 mil anos atrás.

A pesquisa não consegue precisar de que lugar na África vêm as línguas faladas, consegue precisar apenas que é na África Subsaariana. Por outro lado, as línguas consideradas mais recentes são as da região da Polinésia e as originais da América do Sul, como o Tupi e o Guarani.

"Efeito fundador em série"
Para rastrear as origens da língua falada, Atkinson aplicou na linguística um conceito da genética chamado “efeito fundador em série”.
“Quando há uma expansão, uma população pequena se separa e vai para outro território. Quando ela faz isso, leva junto apenas uma parte da diversidade da população original. Isso é chamado de ‘efeito fundador’”, explicou. “Isso pode acontecer muitas e muitas vezes, e é chamado de ‘efeito fundador em série’”, completou, em sua definição.

Em vez de genes, a pesquisa analisou fonemas. As línguas que apresentassem maior diversidade de sons, fossem eles vogais, consoantes ou tons – variação de fala que não existe em português e é usada, por exemplo, no mandarim. De acordo com o conceito do “efeito fundador em série”, as línguas que apresentassem mais diversidade estariam mais próximas do ponto de origem, e vice-versa.
Na pesquisa, foram analisadas 504 idiomas. Segundo o pesquisador, foram amostras selecionadas com critérios geográficos, já que há mais de 6 mil línguas no mundo.

Fonte: G1
15/04/2011

domingo, 17 de abril de 2011

História na Areia

Arqueologia
Nos últimos 30 anos, um pescador vem rastreando, à flor do chão, no alto  de dunas, uma diversidade de objetos que podem reescrever a história da ocupação humana no litoral do Ceará. Vasculhando as areias nos arredores da vila de Ponta Grossa, em Icapuí, Josué Crispim já encontrou inúmeras pedras lascadas e polidas por homens pré-históricos, além de cerâmicas indígenas e objetos supostamente deixados por navegadores holandeses que passaram por ali no século 17, como moedas, talheres, garrafas e pedaços de porcelana. Os achados são tantos que já enchem um cômodo inteiro da casa simples onde o pescador mora com a família. Ele e o produtor de documentários Ricardo Arruda elaboraram um projeto para criar uma Casa de Cultura no local, mas  falta de apoio financeiro para concretizar  a ideia.
O caso ilustra bem como a arqueologia  de zonas costeiras do Brasil carece de pesquisas mais consistentes. Para o arqueólogo Marcos Albuquerque, da Universidade Federal de Pernanbuco - UFPE, ainda não é possível traçar a linha da ocupação humana naquele litoral, pois "não foram feitas escavações, fundamentais para reconstruir o contexto em que os objetos seriam usados ou descartados de acordo com a posição tridimencional deles no sítio, nem datações para definir a origem aproximada de cada artefato", diz. "E o perigo é o avanço imobiliário impedir um estudo mais aprofundado", alerta Albuquerque. 

Publicado na Revista National Geographic Brasil na edição de Março de 2011.

Dia Nacional da Caatinga ganha comemoração

No Município de General Sampaio, uma programação vai destacar o Dia da Caatinga, 28 de abril
Limoeiro do Norte "Nessa vida eu só preciso/de um sorriso pra florar/ Terra seca desse meu peito/ Dê um jeito de arrancar. Ca cá ta vento vento/ Catavento (...) Roda roda catavento traz o tempo de cantar". A canção "Catavento", de Oswald Barroso e Eugênio Leandro, jorra lirismo de um bioma cujo patrimônio biológico não é encontrado em outra parte do mundo além do Nordeste brasileiro: a Caatinga. Esse ´mundão´ do qual se olhando no horizonte é imenso verde na estação chuvosa e esbranquiçado nos meses secos. Longe de ser região pobre, compõe o cartão-postal biológico em nove Estados, de rica fauna e flora e cheia de cataventos conectados com o subterrâneo. Já iniciaram comemorações pelo Dia Nacional da Caatinga, em 28 de abril.

Uma vegetação singular, de uma fauna igualmente ímpar, que atravessa Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o norte de Minas Gerais. Eis a Caatinga, um bioma essencialmente brasileiro. A palavra vem do Tupi, significa ´mata branca´. Tem uma imensa flora, com mais de mil espécies de plantas aqui encontradas, e centenas de espécies de aves e de mamíferos, e outras tantas dezenas de anfíbios e répteis.

No interior do Estado, professores e alunos se debruçam sobre o tema desse imenso bioma. É assim sempre que se aproxima o dia 28 de abril. A data é comemorada desde 2003, por decreto presidencial, ensejando homenagem ao ecólogo e professor João Vasconcelos Sobrinho, pioneiro nos estudos sobre o bioma. A Associação Ambiental Francy Nunes, em parceria com Associação Asa Branca, Ministério da Cultura e Governo do Ceará, lançou concurso de fotografia propondo "um novo olhar sobre o bioma Caatinga". As fotos vencedoras em 2010 foram olhares da vegetação no entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em General Sampaio. São três fotógrafas: Fernanda Salviano Santos (1ºlugar), Maria Nilce da Silva (2º) e Priscila Thaiana Alves de Oliveira (3º lugar).

Concurso
O concurso é uma realização do ambientalista Francy Nunes, proprietário da RPPN. Era uma área privada que de ociosa virou verdadeiro laboratório da experiência de convivência com o semiárido. O senso de preservação estendeu-se a outros donos de terras e ganhou adesão de vários grupos ambientais.

O concurso deste ano só acontecerá no segundo semestre. Tal qual em 2010, premiará com câmera fotográfica o primeiro colocado, binóculo para o segundo, e um livro sobre meio ambiente para o terceiro colocado.

Conforme a gerente da Associação Francy Nunes e estudante do curso de especialização em Educação Ambiental da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Kelma Nunes, a intenção é que neste ano o concurso seja repercutido nas escolas públicas do Município de General Sampaio. "Os jovens que participaram de oficinas de fotografia e foram premiados no ano passado poderão, agora, repassar o que aprenderam, para encontrarmos outros olhares, de outros jovens", afirma.

A Caatinga ocupa cerca de 13% do território nacional, mas tem o terceiro ecossistema brasileiro mais degradado, atrás apenas da Mata Atlântica e do Cerrado. Suas riquezas naturais, quando não são desconhecidas, são exploradas exaustivamente ou subaproveitadas. "Há um estigma que a Caatinga não tem valor. É uma ideia que permeia ao longo de décadas, promovendo principalmente a baixa autoestima dos que nela habitam. Enquanto isso, cada vez mais vai-se dizimando a nossa ´mata branca´", lamenta ela. Mas o contentamento se dá pelas atividades de grupos ambientais, com apoio do Ministério do Meio Ambiente. Assim estão conseguindo desenvolver o Plano de Manejo em General Sampaio.

MAIS INFORMAÇÕES Associação Francy Nunes
Município de General Sampaio
Telefones: (85) 9129.8277/ (85) 9945.7258

BIODIVERSIDADE COMPROMETIDA
Exploração causa perda do território
Limoeiro do Norte Não há dúvida de que a Caatinga é rica em biodiversidade. Das várias espécies encontradas nesse imenso território, muitas são exclusivas do semiárido, só aumentando a relevância do lugar. Mas é também a Caatinga vítima da exploração desenfreada. Perdeu 60% do seu território original, segundo pesquisa realizada por dez instituições nordestinas, incluindo a Universidade Federal do Ceará (UFC). No diagnóstico do mau uso, as queimadas, o desmatamento e o abuso da monocultura agrícola. Apenas 2% do bioma está protegido de forma legal.

O bioma Caatinga abriga 932 tipos de plantas. Desses, 380 são exclusivas desse território. Para especialistas, a expansão da fronteira agropecuária no semiárido e o uso da lenha como fonte de energia são grandes contribuintes para a destruição do ecossistema. Assim se deu com o desmatamento para a produção da cana-de-açúcar em larga escala.

Monocultura
Mesmo nos perímetros irrigados, o cultivo na monocultura sem manejo correto tem provocado vários problemas. Sempre no mês de janeiro, o Perímetro Irrigado da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, sofre com a incidência de fortes ventos. Os vendavais destroem principalmente as plantações de banana, gerando prejuízos milionários aos produtores do local. De acordo com geógrafos, um dos fatores para os estragos causados pelos ventos é justamente o grande desmatamento, com a destruição de árvores que, antes, funcionavam como quebra-ventos. Com o solo "limpo", o vento encontra espaço, e atinge justamente as plantações.

O levantamento que apontou a perda de 59,44% de área da Caatinga foi elaborado no ano de 2008 por 47 especialistas de várias instituições, dentre as quais: Associação Plantas do Nordeste (APNE), Embrapa, Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Semarh), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, e as universidades federais de Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

Fernanda Salviano foi a vencedora do concurso de fotografia de 2010. A imagem retratou a vegetação da Reserva Particular do Patrimônio Natural em General Sampaio
FOTO: FERNANDA SALVIANO
Maria Nilce da Silva participou do concurso de fotografia no ano passado, realizado pela Associação Ambiental Francy Nunes, e tirou o segundo lugar com a foto acima
FOTO: MARIA NILCE
Foto que obteve o terceiro lugar no concurso da Associação, feita por Priscila Thaiana Alves de Oliveira
FOTO: PRISCILA LAVES

  Fonte: Texto publicado na Coluna Regional do Jornal Diário do Nordeste em 17/04/11.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

AO MESTRE COM CARINHO...


AO MESTRE COM CARINHO...

 Luiz Vitorino Filho, o"Garotinho"

            Atrás de muitos rostos juvenis “esconde-se uma história pedindo para ser contada”.
            Apesar do tempo (ainda não conhece os efeitos da idade) e caminhando para o encerramento (aposentadoria) da atividade profissional, Luiz Vitorino Filho (um catador de sonhos e talentos...) então encara a tarefa que, no começo, se revelou difícil como algo  prazeroso, que lhe traz alegria, que lhe agrada.
            Descobri então o motivo pelo qual “Garotinho” exalta tanto a vida, como é carinhosamente chamado, que é o prazer de ensinar.
            Há uma expressão naquele olhar, mesmo cansado depois de um longo dia de exaustivo trabalho (exposto ao sol causticante, à falta de estrutura adequada: quadra, campo etc) não se encontra desanimado.
            Em silêncio, o mestre Luiz é contemplativo, busca na liturgia dos Textos Sagrados (é comum, aos bons observadores, vê-lo lendo artigos e mensagens sobre a cristandade) removerem bem os entulhos do pensamento.
            Durante suas aulas o que se vê é a celebração da coletividade triunfante, partilhando com seus pupilos essa felicidade enfim descoberta.
            Quando é possível (por que a pressa da vida diária nos impede de termos um contato com mais frequência) uma boa prosa, ele, atento aos reclames do cotidiano, acalenta um projeto de viver juntos, onde todos compartilhem um mundo mais humano, fraterno e ético.
            Diante desse homem, esconde-se um ‘garoto’ com um olhar súplice, que não perde a oportunidade de ensinar uma lição preciosa: transmitir um ensinamento pintado com cores alegres.
            Ao longo do dia, os meninos entusiasmados esperam pela atividade esportiva, muito necessária ao desenvolvimento cognitivo e motor do(a) aluno(a), mas do viver em grupo, do aprender se relacionar com o outro. Em Luiz não é possível encontrar um educador relapso e de ar insolente (nem tão pouco arrogante, orgulhoso, impertinente e nem procede de maneira ofensiva).
            Nas segundas, quartas e sextas-feiras divido com  Luiz no espaço físico da escola, quando é destinado a nós o horário para o almoço (professor também é boia-fria...). Ai, normalmente, isto oportunizará uma reflexão sobre a dimensão filosófica da condição humana, do imaginário cotidiano, o que possibilita um alargamento do horizonte cultural das pessoas.
            Garotinho é adepto da “pedagogia do afeto”. Está aqui, para quem quiser ver. Com todos os detalhes.
            Não é surpresa, portanto, quando se percebe que sua prática educativa se fundamenta em benefício de uma vida mais livre, mais descontraída.


Por Lima Júnior...

Do Quintal da Minha Esperança, 13 de abril de 2011.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Todos Pela Educação lança campanha pela valorização do bom professor

"Um bom professor, um bom começo"
é a nova campanha do Todos Pela Educação

Campanha traz a valorização do bom professor como questão prioritária para a melhora da qualidade da Educação no País

O Todos Pela Educação lança nesta terça-feira, dia 12 de abril, sua nova campanha de mobilização sob o slogan “Um bom professor, um bom começo”, produzida pela DM9DDB, do grupo ABC. A campanha tem como objetivo a valorização do bom professor, aquele que tem o foco no aprendizado de seus alunos e que, assim, contribui efetivamente para a melhoria da qualidade da Educação no Brasil.  

“Um bom professor é aquele que sabe o conteúdo a ser ensinado e a maneira de ensiná-lo”, afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação. “E esse profissional precisa ser valorizado, para que continue se desenvolvendo na carreira e que dê bons exemplos para seus colegas de trabalho”, completa Priscila.

As peças da campanha seguem o mesmo conceito: em todas as conquistas, sejam elas grandes ou rotineiras, existe um bom professor. “Para traduzir a importância do ensino de uma forma lúdica, criamos anúncios que conversam com todos os públicos, passando por alunos, pais e professores, mostrando como o bom professor é essencial para formar um bom aluno”, comenta André Pedroso, diretor de Criação da DM9DDB.

A campanha contempla peças para todas as mídias: uma animação produzida pela Vetor Zero, em stop motion para TV, anúncios para jornais e revistas, banners para internet e spots de rádio.

“A ideia desta campanha é que as pessoas pensem sobre a importância de um bom professor em suas vidas. Aquele que ajudou, de fato, em seu aprendizado, que possa ter ajudado na opção por esta ou aquela profissão, que tenha ensinado importantes valores. O objetivo é chamar a atenção para a importância da valorização dos bons profissionais do magistério que contribuem efetivamente para a concretização do direito de todas as crianças e jovens de aprender”, afirma Priscila.

Sobre o Todos Pela Educação

O Todos Pela Educação é um movimento que congrega sociedade civil, gestores públicos de Educação, iniciativa privada e especialistas com a missão de contribuir para a garantia do direito de todas as crianças e jovens a uma Educação de qualidade até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil. Afinal, o País só será, de fato, independente, quando todas as suas crianças e jovens tiverem acesso à Educação de qualidade. Para isso, foram estabelecidas 5 Metas que o País precisa alcançar:

Meta 1 – Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola.
Meta 2 – Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos.
Meta 3 – Todo aluno com aprendizado adequado à sua série.
Meta 4 – Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos.
Meta 5 – Investimento em Educação ampliado e bem gerido

Mais informações

Camilla Salmazi       
Todos Pela Educação                                                 
(11) 3266 5477 R. 229/ (11) 9534 4416                         

camilla@todospelaeducacao.org.br

Alimentação Alternativa

Alimentação Alternativa foi tema de uma palestra ontem (11/04) em nossa escola, que teve como foco a dicussão de outras formas de alimentação, baseadas no conhecimento dos elementos (nutrientes) que constituem os alimentos, bem como a mudança de hábitos alimentares mais saudáveis em nosso cotidiano, fruto de um trabalho realizado com a turma do 8º ano U, em virtude da temática estudada na disciplina de Ciências. A pelestra teve como facilitador o Engenheiro Agrônomo e Mestrando em Ciências do Solo Sílvio Roberto Fernandes Soares que desenvolve trabalhos voltados para o consumo de alimentos menos danosos ao organismo.
Professor Silvio Roberto
Durante a explanação foi feita uma retrospectiva do processo de alimentação realizada desde os tempos mais remotos aos dias atuais. Os caminhos apontados pelo pastrante para o perfeito equilibrio de nossas funções vitais e o bem estar de nosso organismo deve buscar uma alimentação eqilibrada, baseada em alimentos orgânicos livre de agrotóxicos, frutas, legumes e o baixo consumo de alimentos industrializados.

domingo, 10 de abril de 2011

Da sala de aula para o blog: Ampulheta


Os fenícios, povo que viveu em terras do atual Líbano por volta do ano 1000 a.C., descobriram o segredo da fabricação do vidro. Os antigos egipcios tiveram a ideia de medir o tempo utilizando vidro e areia, e criaram um aparelho, que os romanos antigos denominaram ampulla, que quer dizer “redoma”. Esse aparelho, que é usado ainda hoje, é conhecido em português como ampulheta ou relógio de areia.

A ampulheta é um dos meios mais antigos de medir o tempo e é constituída por duas redomas que se comunicam por um orifício através do qual a areia contida na redoma superior passa para a inferior. A passagem de toda a areia corresponde a um tempo-base predeterminado. Depois, basta inverter a posição da ampulheta para que o processo volte a ocorrer.

Eram frequentemente utilizadas em navios (onde se usavam ampulhetas de meia hora), em igrejas e, no início da utilização do telefone, servia, em alguns locais, para contar o tempo despendido numa chamada (no Norte de Portugal, por exemplo, esta prática era comum em algumas casas comerciais).

Ela foi empregada especialmente quando se tratava de medições de curta duração, uma vez que sua pouca precisão não permitia observações de maior amplitude. Tinha, no entanto, características importantes e valiosas: era facilmente transportável e seu manejo muito simples, podendo ser usada em qualquer lugar com muita comodidade.

Ao estudarmos o conteúdo “Tempo e História” nas aulas da 5ª série, foi possível conhecer as mais variadas formas de medir o tempo em diferentes épocas, como o relógio de sol, a clepsidra (relógio de água), a ampulheta e relógios mecânicos, elétricos e eletrônicos.

E para se ter uma ideia mais clara do funcionamento de um dos tipos de instrumentos antigos de medição do tempo, foi confeccionda uma ampulheta para, então, observar na prática o seu funcionamento.

Os materiais necessários para fazer uma ampulheta são muito simples: areia, peneira, 2 garrafinhas PET e duas tampas, folha de papel, fita adesiva, prego e martelo.

No site http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/887052-experimente-fazer-uma-ampulheta-com-garrafa-pet.shtml, encontram-se todas as etapas para construir a sua ampulheta:

Passo 1
Peneire a areia sobre a folha de papel.

Passo 2
Despeje a areia peneirada em uma das garrafinhas.
Passo 3
Com fita adesiva, junte as duas tampinhas, uma de costas para a outra.

Passo 4
Fure as tampinhas usando prego e martelo (peça a ajuda de um adulto). O furo deve atravessar as duas tampinhas.
Passo 5
Encaixe uma garrafa em cada tampinha.
Está pronta a sua ampulheta!
Os alunos da 5ª série 1 e 5ª série 4 da EEB Teófilo Nolasco de Almeida (de 2010) se empenharam bastante na confecção da sua ampulheta, pois cada um queria ter a sua para brincar e contar o tempo. Veja nas fotos:
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:
ADAS, Melhem. Noções básicas de Geografia. São Paulo: Moderna. 2006, p. 104.

Mudanças Climáticas

Efeito estufa desequilibra a vida no planeta

Desde que surgiu a polêmica sobre o efeito estufa, vários foram os estudos desenvolvidos para que os cientistas tentassem compreendê-lo. Para a comunidade científica, não há mais dúvidas de que os riscos são reais e que as predições do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que assessora a ONU nesse tema, são sólidas. A seriedade dos relatórios do IPCC, escritos com o consenso de centenas de cientistas da maior parte dos países do mundo e lançados a cada cinco anos, são ressaltadas por diversos pesquisadores.

Há várias linhas de pesquisa sobre o efeito estufa. De acordo com o pesquisador do Departamento de Física da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Hamilton Pavão, "o efeito estufa é um problema real, que gera controvérsias". Segundo ele, algumas apontam para o aquecimento global como um fenômeno natural. No entanto, os relatórios do IPCC sugerem a influência da ação humana em relação ao aumento do efeito.

O professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Klink, acredita que a presença do homem contribui para a mudança do clima global. Segundo ele, a concentração de gases provocada pelo efeito estufa leva ao aquecimento da Terra e a cada dia mais cientistas se preocupam em avaliar os estoques, sumidouros e o ciclo do carbono no planeta, a partir do estudo dos ecossistemas. "Como resultado desses inúmeros estudos, estamos chegando à conclusão de que as concentrações de gases (como o CO2) e a temperatura global nunca atingiram os níveis atuais, mesmo quando se 'olha' para os últimos 150 mil anos ou mais".

Na opinião de Pavão, da UFMS, a Terra passou por grandes variações naturais de temperatura, portanto, o aquecimento global pode ser resultado de transformações características da própria evolução do planeta. Mas é certo que a ação humana contribui para potencializar tais mudanças. "Os dados mostram um aumento na concentração atmosférica dos gases que contribuem para o efeito estufa e, conseqüentemente, uma maior absorção da radiação infravermelha na troposfera, o que provoca um aumento na temperatura da Terra", esclarece.

O coordenador de Ensino, Documentação e Programas Especiais do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), Volker Kirchoff, destaca que as pesquisas sobre o efeito estufa têm qualidade. Porém, ele acha que assim como há pessoas sérias, há quem se aproveite dessa situação em benefício próprio. "Mais divulgação, mais preocupação pelo assunto significa mais verbas para a própria pesquisa. Daí, alguns exageram", avalia. Para ele, o problema do efeito estufa ainda é "polêmica de cientista" e falta muito a ser feito para resolver a questão. "Infelizmente, não temos feito muita coisa. Basta olhar os resultados da ECO-92", ressalta.

Mas, assim mesmo, têm surgido alguns trabalhos de referência na avaliação do efeito estufa. Entre eles o Experimento em Grande Escala da Biosfera - Atmosfera na Amazônia (LBA), o Programa das Américas para Estudos das Mudanças Climáticas Globais no Continente Americano (IAI), sediado em São José dos Campos e o IHDP, Instituto que estuda como as mudanças climáticas alteram a vida do homem.

A experiência com educação e treinamento de cientistas e outros que vão lidar com a tomada de decisões sobre o meio ambiente fez com que Carlos Klink, da UnB, coordenasse o curso anual sobre mudanças climáticas do Instituto Nacional de Educação do Brasil, do qual participam executivos, educadores, profissionais da comunicação, estudantes e quem mais se interessar. O curso tem como objetivo orientar os formadores de opinião pública. Ele explica que, na mesma linha, há também o trabalho de disseminação de informações do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) que, com outros institutos de pesquisa fundaram o Observatório do Clima e o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Aquecimento Global

A entrada da radiação solar tem de ser equilibrada por uma saída de calor enviada pela Terra. Quando atinge superfície da Terra a radiação transforma-se em calor e é, em parte, retornada para o espaço quando, devido à existência dos gases de efeito estufa, fica aprisionada na Terra. Desse modo, a atmosfera atua como uma cobertura ou como o vidro de uma estufa, daí o nome efeito estufa.

O efeito estufa é um processo natural que ocorre porque o acúmulo de gases, que formam uma barreira que impede o calor do Sol de sair da atmosfera. Esse fenômeno é o que mantém o planeta aquecido e possibilita a vida na Terra. Entretanto, quando a concentração desses gases é excessiva, mais calor fica retido na atmosfera.

Ao longo do século XX, a temperatura global aumentou em torno de 0,6ºC. A década de 90 foi considerada a mais morna e o ano de 1998 o mais quente desde que se iniciou, em 1861, o registro instrumental da temperatura. A previsão é que a temperatura global aumente em média 3º C até o final do século XXI. Com um aumento nos pólos da ordem de 7º C e inferior a 3º C na região tropical.

O IPCC publicou, em julho de 2001, três volumes de relatórios sobre as mudanças climáticas. O primeiro volume Mudança do Clima 2001: a base científica aponta que a concentração do CO2 na atmosfera está em seu nível mais elevado em 400 mil anos. A partir da Revolução Industrial, o nível de CO2 - um dos gases principais do efeito estufa - aumentou 31%. Sendo o CO2 é um gás que absorve radiação infravermelha, com o aumento de sua concentração a temperatura tende a subir. O CO2 aumentou em concentração de 280 ppm (partes por milhão), em 1850, a 365 ppm, em 2000. As projeções indicam concentração da ordem de 700 ppm no fim deste século.

O segundo volume do relatório do IPCC (Mudança do Clima 200): impactos, adaptação e vulnerabilidade) avalia como os sistemas naturais e humanos são sensíveis à mudança do clima. Algumas conseqüências das mudanças climáticas são ressaltadas no relatório, tais como freqüência de seca ou de inundação em algumas áreas; desaparecimento de algumas espécies de animais e aumento no nível do mar.

A saúde humana poderá também ser posta em risco. É previsível um aumento de doenças como malária e cólera. Sociedades mais pobres e menos desenvolvidas seriam as mais vulneráveis a tais problemas. A habilidade das pessoas em adaptar-se às mudanças climáticas depende de fatores como riqueza, tecnologia, infra-estrutura e acesso aos recursos naturais. Além disso, as sociedades mais pobres do mundo dependem mais de recursos como hídricos e agrícolas, justamente os sistemas que mais deverão sofrer os efeitos da mudança do clima. Aqueles que conduzem às emissões reduzidas de CO2 baseiam-se no desenvolvimento sustentável. No cenário em que os combustíveis fósseis permanecem como fonte de energia predominante se prevê que as emissões CO2 no século XXI estejam entre cinco e sete vezes mais altas do que em 1990.

A questão mais relevante, hoje, do ponto de vista científico é descobrir e quantificar o efeito das partículas de aerossóis no clima. Parte dessas partículas resfriam a superfície, mas parte delas absorvem radiação solar e tem efeito de aquecimento. Em particular as partículas emitidas em queimadas na Amazônia, que têm alto conteúdo de carbono grafítico, absorvem significante radiação solar, aquecendo a atmosfera e esfriando a superfície.

a como os sistemas naturais e humanos são sensíveis à mudança do clima. Algumas conseqüências das mudanças climáticas são ressaltadas no relatório, tais como freqüência de seca ou de inundação em algumas áreas; desaparecimento de algumas espécies de animais e aumento no nível do mar.

A saúde humana poderá também ser posta em risco. É previsível um aumento de doenças como malária e cólera. Sociedades mais pobres e menos desenvolvidas seriam as mais vulneráveis a tais problemas. A habilidade das pessoas em adaptar-se às mudanças climáticas depende de fatores como riqueza, tecnologia, infra-estrutura e acesso aos recursos naturais. Além disso, as sociedades mais pobres do mundo dependem mais de recursos como hídricos e agrícolas, justamente os sistemas que mais deverão sofrer os efeitos da mudança do clima. Aqueles que conduzem às emissões reduzidas de CO2 baseiam-se no desenvolvimento sustentável. No cenário em que os combustíveis fósseis permanecem como fonte de energia predominante se prevê que as emissões CO2 no século XXI estejam entre cinco e sete vezes mais altas do que em 1990.

A questão mais relevante, hoje, do ponto de vista científico é descobrir e quantificar o efeito das partículas de aerossóis no clima. Parte dessas partículas resfriam a superfície, mas parte delas absorvem radiação solar e tem efeito de aquecimento. Em particular as partículas emitidas em queimadas na Amazônia, que têm alto conteúdo de carbono grafítico, absorvem significante radiação solar, aquecendo a atmosfera e esfriando a superfície.